Intermat diz que área de chacina é de fazendeiros; jurista aponta Estado

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Terça, 25 Abril 2017 | RD NEWS

A área em que ocorreu a chacina que vitimou nove homens, na Gleba Taquaraçu do Norte (a 258 km de Colniza), pertence a fazendeiros. De acordo com o levantamento do presidente da Intermat, Cândido Teles, utilizando as coordenadas da polícia, trata-se de lotes que foram regularizados por meio do Projeto Roosevelt, tocado pelo antiga Companhia de Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso (Codemat), em 1984.

Uma área, portanto, hoje pertencente a fazendeiros. Entrementes, há nas proximidades um assentamento demarcado pelo Intermat: o Guariba, composto por 126 famílias. Ainda em Colniza há outro, o 1º de Maio. Este último, bem maior, abriga 487 famílias.

A principal atividade econômica é criação de gado e pastagem. Os assassinatos teriam ocorrido em dois lotes do Roosevelt (67 e 68). "Chegamos a essa constatação com base nas coordenadas", ressalta Cândido. Em seguida, pondera que as áreas, no Intermat, estão regularizadas e que, portanto, não cabe ao órgão tomar qualquer atitude.

Presidente Câmara Setorial Temática de Mediação em Conflitos Agrários e Fundiários da Assembleia, Elvis Klauk,  por sua vez, garante que trata-se de área devoluta do Estado e sob jurisdição do Intermat.

Reprodução

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 Presidente do Intermat Candido Teles e presidente da Câmara Setorial da Assembleia, Elvis Klauk

Segundo ele, mesmo que tenham sido emitidos títulos, a informação preliminar é de que são questionados devido à suposta existência de irregularidades.

Klauk participou de uma audiência pública sobre regularização fundiária urbana e rural de Rondonópolis e região. Lá, obteve a informação de que 600 mil hectares na região da chacina pertencem ao Estado. “Nosso objetivo não é atacar e sim apurar junto ao Intermat quais medidas serão tomadas para detectar essas falhas. Ainda que o Estado tivesse emitido títulos, emitiu de forma irregular”, explica Klauk.

Para ele, as causas do conflito agrário remetem à questão da regularização fundiária e à burocratização. “Há pessoas que conseguem documentos fraudulentos, conseguem a terra, mas isso tudo por falha e ineficiência do poder público. Vamos verificar o que está acontecendo, apurar as medidas e tentar diminuir a burocratização”.

Contudo, o presidente do Intermat garante que a área é privada. “Preliminarmente, a informação que temos é que se trata de uma área privada. Estamos fazendo um levantamento para sabermos como está a real situação da área”, diz Candido. Ele e Klauk devem se reunir nos próximos dias.

Chacina 

A repercussão nacional e internacional da chacina cometida após requintes cruéis, como amarração e tortura das vítimas, além das execuções brutais, com tiros de espingarda calibre 12 e golpes de facão e enxada, levaram o governo estadual a criar uma força tarefa para lidar com o assunto.

Dela participam os secretários de Agricultura Familiar e Assuntos Fundiários, Suelme Evangelista; de Segurança Pública, Rogers Jarbas; de Trabalho e Assistência Social, Max Russi; e da Casa Militar, Evandro Alexandre Ferraz Lesco. Todos estiveram na segunda (24) em Colniza para fazer um levantamento das “principais demandas” do município, nas palavras estatais. 

Punição

Klauk ainda lembra de um crime semelhante ao ocorrido na quarta (19) passada em outro lugar: o sudeste do Pará. Lá, em 17 de abril de 1996, 19 trabalhadores rurais foram mortos pela Polícia Militar no episódio conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás. “Passaram-se 21 anos deste triste episódio, mas ainda não houve punições”. Ele afirma que o mesmo não pode acontecer com a chacina na Gleba Taquaraçu.

Rogers Jarbas afirma que a Sesp vai priorizar a investigação do caso. Segundo ele, o local é conhecido por constantes disputas por terras. Colniza é famosa por ser dona de alguns dos maiores índices de assassinato, proporcionalmente, do país.

Em todo o Estado, há 122 assentamentos demarcados pela Intermat, nos quais residem, atualmente, 11.428 famílias. O governo garante, no entanto, que em nenhum desses locais há conflitos violentos por terra.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
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