Sobre os ataques aos Três Poderes, por Diogo Carvalho

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+ Cotidiano
Segunda, 09 Janeiro 2023 | MTMANCHETE
Os ataques as sedes dos Três Poderes neste domingo (08.01) demonstram a face mais característica e aterradora do bolsonarismo: a intolerância contra a vontade popular manifesta nas urnas e o radicalismo maldisfarçado de patriotismo.
Patriotas conservam o bem público, o acervo histórico, as instituições que permitem o funcionamento do Estado. Patriotas constroem, não depredam.
Porém, faça-se justiça. O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) e seus mais mais radicais seguidores sempre demonstraram ser o que são. Não são lobos em pele de cordeiro. São lobos em pele de lobos. Quem com eles segue o faz sabendo do risco iminente de serem comidos.
Engana-se quem acredita que os convencerá de suas próprias loucuras. Perda de tempo. O radicalismo político quando manifestado em atos terroristas tais como as invasões de hoje não se combate com palavras convincentes. O caso é de Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Civil, Exército Nacional.... Não há outra solução possível.
Quando grupos políticos invadem as sedes dos Três Poderes da República e tentam dar um golpe de Estado não há outra saída a não ser o uso forte (porém legal) das forças de segurança nacional contra aqueles que atentam contra a nossa democracia.
Em verdade, o próprio governo do Distrito Federal e o Governo Federal são também em parte culpados pela invasão deste domingo.
O governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) nomeou seu Secretário de Estado de Segurança Pública o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres e foi leniente com os acampamentos bolsonaristas em Brasília. Esses acampamentos tornaram-se células de planos antidemocráticos até mesmo com viés terrorista.
A Polícia Militar do DF, a mais bem paga do Brasil não conseguiu conter o avanço anunciado dos manifestantes.
Por sua vez, os ministros da Defesa José Múcio (PTB) e o da Justiça Flávio Dino (PSB) embora conhecedores das movimentações para as invasões também não tomaram as devidas providências embora tenham toda estrutura do Estado à disposição para isso. Na linguagem corporativa isso tem um nome: incompetência.
Quando comentou sobre as invasões o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se disse surpreendido. Oras, um presidente não pode ser surpreendido por algo assim. No mínimo, não houve uma comunicação clara dos ministros da Defesa e da Justiça com o presidente da República.
Sabedor das invasões, o presidente Lula decidiu dar aos manifestantes bolsonaristas o que tanto pediram: uma intervenção federal. Só não contavam os bolsonaristas que a intervenção seria contra eles. “Que Tistreza!”, parafraseando o ex-presidenciável Felipe D’Avilla (NOVO).
Sobre esta intervenção na segurança pública do DF, com duração até 31 de janeiro chama a atenção a figura do Interventor nomeado pelo presidente. Ricardo Garcia Cappelli é o secretário-executivo do Ministério da Justiça e homem de confiança de Flávio Dino, porém é um jornalista, um militante. Não duvido de sua competência à frente de diversos temas, porém não tem experiência de combate a tumultos dessa magnitude.
Pode ser que Cappelli revele-se um grande Interventor, mas sua nomeação é uma jogada arriscada para o presidente. Caminho mais seguro seria a nomeação de alguém igualmente comprometido com a defesa do Estado Democrático de Direito, mas com experiência no combate a confusões de tamanha magnitude.
Aguardemos os próximos capítulos. Que todas as instituições (inclusive o Xandão) façam a sua parte. Como disse Chico Buarque “Amanhã vai ser outro dia”.
Diogo Carvalho. É advogado, graduado em Direito pela Unemat, especialista em Direito pela PUC Minas.
Instagram: @diogocarvalhomt

 

 
 
 
 
 
 
 
 
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