Corpus Christi sem procissões serve para redescobrir sentido de seguir Jesus - leia

A escalada do coronavírus em Mato Grosso fez com que autoridades católicas cancelassem procissões, festas e até os tradicionais tapetes para o dia de Corpus Christi nesta quinta (11). "Não vai haver nada disso. Não podemos concentrar (pessoas)", afirma o arcebispo Dom Milton ao . Em todas as paróquias de Cuiabá e na Catedral, só haverá missas.

A orientação da Arquidiocese é que os fiéis acompanhem as celebrações da própria casa, com missas sendo transmitidas pelas redes sociais, assim como ocorreu na Semana Santa e na Páscoa. Poucos fiéis terão permissão de entrar na Catedral para acompanhar as celebrações. Mas, aqueles os que fizerem, devem estar distantes um do outro e usar máscaras durante todo o período da celebração.

Neste ano, também foi cancelada a tradicional concentração no Ginásio Poliesportivo São Gonçalo, do Colégio Salesiano, com confissões e missas, para depois seguirem em procissão pela Prainha até a Catedral.

O Corpus Christi ocorre 60 dias depois da Páscoa. Nela, os fiéis lembram a Eucaristia, um dos sete sacramentos da Igreja Católica, e o momento em que Jesus Cristo oferece o seu corpo e sangue em celebração. É costume da data a procissão em que a hóstia, representando o corpo de Cristo, é levada para as ruas numa peça chamada Ostensório. Chega a passar, inclusive, por cima de tapetes com símbolos e desenhos do catolicismo. 

Dom Milton explica que "não é possível" fazer celebrações elaboradas em meio a pandemia para evitar aglomerações. Pontua que estamos no momento crítico não só por conta do coronavírus, mas por entrarmos no período de estiagem, com tempo seco e das queimadas. Crianças e pessoas idosas são as maiores vítimas no momento, segundo ele.

"É como se fosse a missa de domingo", compara Dom Milton para a data. De fato, a programação da Catedral é como se fosse um dia dominical. O arcebispo irá celebrar a missa das 9h na Catedral Metropolitana, no Centro de Cuiabá. Além desse horário, o templo tem celebrações às 7h, 17h e 19h, todas serão transmitidas pela internet. Nas demais paróquias e comunidades, cada igreja tem autonomia para definir os seus horários.

Ao invés das procissões e dos tapetes, Dom Milton conta que irá até a frente da catedral com o Ostensório e fará 4 benções para igrejas e fiéis de cada ponto cardeal - norte, sul, leste e oeste - da baixada Cuiabana. Haverá uma quinta também, em oração para todas as pessoas do mundo inteiro, por estarmos no Centro Geodésico da América do Sul.

Dom Milton explica que a intenção para cada celebração de Corpus Christi é que seja pública. "A missa e a eucaristia não podem ficar dentro da igreja. Caso contrário, o fiel transforma a igreja católica numa toca e esconde a fé dentro dela. Praticar uma religião dentro de quatro paredes é muito fácil".

Por isso, o arcebispo afirma que, nesse cenário de pandemia, o coronavírus serve para redescobrir o verdadeiro sentido de ser seguidor de Jesus Cristo. "Não é dentro da igreja, um templo, mas seguidores Dele por onde passamos - na rua, no trabalho, dentro de casa, no descanso e assim por diante".