Empresa diz que indígenas tentaram invadir PCHs em MT com barcos e caminhonetes

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+ Polícia
Terça, 27 Junho 2023 | G1MT
A empresa responsável pelas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) Rondon e Telegráfica em Campos de Júlio, a 692 km de Cuiabá, afirmou, nesta segunda-feira (26), que o grupo indígena tentou invadir o empreendimento com caminhonetes e barcos durante uma manifestação no local. Além disso, o uso da força policial foi autorizado pela Justiça, segundo a empresa.
A comunidade da etnia Enawenê-Nawê fez uma manifestação no local, com crianças e mulheres, e relataram que foram atacados pelos seguranças das PCHs. Ao menos 20 indígenas ficaram feridos durante os disparos de bala de borracha, entre a noite de domingo (25) e a manhã desta segunda-feira (26).
Conforme a empresa informou, em nota, as ameaças às PCHs ocorreram há cerca de 60 dias. Por conta disso, a Justiça foi acionada para que os trabalhadores e a propriedade fossem protegidas de uma possível invasão.
A comunidade indígena disse que fazia uma manifestação para tentar ajustar um acordo com a empresa que utiliza parte da região para funcionamento do empreendimento.
O grupo de povos originários tenta mudar um acordo firmado com a empresa em 2012, um ano depois das usinas entrarem em funcionamento. Contudo, o grupo indígena requereu valores mais altos para que o empreendimento continue naquela área, mas a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) negou que a propriedade esteja em Terras Indígenas.
"Assim que essas novas demandas surgiram, a diretoria das PCH´s abriu o diálogo com os representantes indígenas, tendo a presença da Justiça Federal, Ministério Público Federal e Funai, para entender as demandas da comunidade", disse a empresa, em nota.
A empresa alegou que o grupo, então, passou a fazer ameaças de invasão de forma continuada e que, por isso, resolveu acionar a Justiça para evitar um confronto. O pedido deixava claro que uma invasão seria ilegal, uma vez que todas as obrigações previstas pela legislação ambiental foram cumpridas, de acordo com a nota.
Entenda o caso
Ao g1, o representante da etnia, Lalokwarise Detalikwaene Enawene, contou que foram ao local para tentar uma reunião com a empresa, e que não levaram arco e flecha. A manifestação teria reunido mais de 400 pessoas e teve dois carros queimados e outros cinco veículos, que transportavam alimentos, apreendidos.
Segundo Lalokwarise, a empresa construiu oito PCHs no Rio Juruena, usado pela comunidade para manter culturas, e, em troca, pagam um valor aos indígenas para o uso da área. Para a comunidade, esse valor é insuficiente para suprir as necessidades da população afetada e manter a preservação da área.
Lalokwarise disse que está em contato com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e com a Polícia Federal para tentar recuperar os carros da comunidade apreendidos pelos seguranças e resolver o problema. A reportagem entrou em contato com as entidades, mas não obteve retorno até esta publicação.
 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
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