Eraí avança com soja na região turística de Nobres
O empresário Eraí Maggi planta soja na região turística de Nobres, às margens do rio Triste, após convencer o governo a alargar pontes para poder transportar produção de grãos pela estrada-parque
Nobres, que atrai turistas por causa de suas belezas naturais com direito à flutuação, trilhas, esportes radicais, pescaria e culinária, passou a comentar as pegadas devastadoras do rei da soja Eraí Maggi tanto no campo e na zona urbana quanto nas estradas. No comando do Grupo Bom Futuro, império com 36 fazendas e avançando sem limites nas terras mato-grossenses, ele resolveu plantar soja numa região que entrou na rota de atrativos turísticos do país devido ao privilégio de abrigar cachoeiras com águas cristalinas e belezas da vida aquática, grutas e sítios arqueológicos com inscrições rupestres.
E lá, no meio desse paraíso turístico, está Eraí com a sua fazenda de oleaginosa, inclusive às margens do rio Triste, no distrito de Bom Jardim, onde é possível fazer mergulho de superfície (flutuação) em meio aos cardumes. Esse rio pode ficar literalmente triste. Moradores e donos de pousadas temem que agrotóxicos usados na lavoura contaminem-no.
Alheio às reclamações e aos protestos, Eraí Maggi, em nome do progresso, quer mais. Faz questão de propagar que é um empresário influente nos Poderes. E foi nessa linha que ele manobrou e “convenceu” a secretaria estadual de Transporte e Pavimentação Urbana a alargar pontes no trecho da MT-494, do entroncamento da rodovia estadual 351 (rio Manso) ao distrito de Bom Jardim, em Nobres.
Com isso, o que seria estrada-parque, onde circularia veículos de passeio, passou a receber as carretas que transportam a produção da fazenda do rei da soja. Se as pontes de concreto com apenas uma pista não tivessem sido modificadas, esses veículos pesados não poderiam pedir passagem. Mas Eraí desbloqueou o trecho. Rei não perde mesmo a majestade, nem que seja para transformar cenário turístico em campo dominado pela monocultura da soja.
