Antes de seguir, uma nova surpresa, Abdon ficou ‘encostado’ e poderia não seguir para o confronto. Determinado, ele pediu aos superiores para resolver de forma urgente o caso. “Ou me levam logo ou me dão baixa, já tenho mais de dois anos servindo, sem ser engajado. Então, decidiram que eu iria mesmo”, relatou.
A viagem de ida durou 15 dias e a de volta durou 4 dias. Cabo Antonio Abdon participou das batalhas em Monte Castelo, Montese, Fornovo, Zocca, Collecchio, Soprassasso, Marano Su Parano, La Serra, Castelnuovo, Cama-iore, Monteprano e Barga.
Abdon diz que nos combate foi necessário agir com frieza e encarar a morte como algo normal. Na maioria do tempo ficavam em trincheiras, quase não dormiam e o risco de ser atingindo por bombas e tiros eram constantes. A comida também não era nada agradável. Ele lembra que recebia comida em pacotes levadas pelos americanos.
A cobra fumou
O símbolo dos combates brasileiros era uma cobra fumando. Segundo Abdon, a escolha do nome da equipe se deu porque um dos soldados, o menos instruído, segundo ele, sempre gritava que a “cobra iria fumar”, enquanto aguardavam a partida. Então, o dizer virou moda entre os combatentes e o general responsável pela tropa mandou confeccionar distintivos com a cobra fumando.
Velho combatente
Hoje, Antonio Abdon leva uma vida tranquila na sua cidade de nascimento, Rosário Oeste. Aos 94 anos de idade, Abdon é conhecido e respeitado na cidade. Sempre coloca o uniforme e usa seu distintivo de reconhecimento. Procura sempre visitar os amigos e passar parte do dia na porta de casa, como um bom mato-grossense.
Para preservar a memória, os documentos que comprovam sua participação nas batalhas estão todos guardados e as histórias são passadas para os filhos e netos.